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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Artigo de Opinião de António Corte-Real na Distribuição Hoje: Internet (n)o futuro




A Internet veio para ficar, disso ninguém duvida! Apesar de muitas empresas pensarem que isto não é nenhuma novidade porque até já têm um “site” ou um “e-mail”, o que é facto é que a Internet é muito mais do que dispor de duas ferramentas que têm o seu valor, é certo, mas que isoladas são como um flyer a esvoaçar pelas ruas de uma cidade. As empresas que têm esta visão da Web, que apenas mexem as peças no tabuleiro sem seguir uma estratégia e um plano de acção, são reactivas. Aquelas que tentam perceber verdadeiramente o que é a Internet são activas, procuram causar reacções no mercado, definem planos de Marketing Digital agressivos e pretendem atingir determinados objectivos. Estudam o mercado, identificam as oportunidades para adaptar os seus produtos ao comércio online, adoptam novas políticas de preço, estudam as implicações que terão na distribuição, desenvolvem novas formas e ferramentas de divulgação e promoção e estabelecem uma relação bilateral com o consumidor através de ferramentas informáticas, de design e de negócio.

Por que motivo deve a Internet ter todo este focus por parte das empresas? Por que razão não a podemos ver como apenas mais um meio de comunicação? Porque o mercado mudou! Nos anos 90 todos assistíamos aos mesmos programas de televisão, ouvíamos as mesmas músicas, víamos os mesmos filmes e líamos as mesmas notícias. Hoje, seleccionamos aquilo a que queremos ter acesso numa plataforma que gera conteúdos a uma velocidade alucinante. A população em geral e os jovens em particular, estão a desligar a televisão e a passar mais tempo ligados à Internet. Segundo o INE, em 2008, 97% dos jovens entre os 10 e os 15 anos utilizaram o computador e 93% acederam à Internet, mais 20% do que em 2005. Estes são números aos quais não podemos ficar indiferentes especialmente porque estamos a falar das primeiras gerações que tiveram acesso a este novo meio. Como será o cenário daqui a 10 anos quando esta geração estiver em idade activa? Onde estarão as empresas tradicionais que ainda não perceberam que a Internet é só(!) o meio de comunicação com maior taxa de penetração superando largamente a rádio e a TV?

O Marketing está a entrar numa nova era. Certamente que esta transição não será feita de um dia para o outro mas empresas como a Amazon ou o Google são exemplos de como estas novas potencialidades podem ser aproveitadas para desenvolver negócios a duplo dígito. Certamente que as empresas mais tradicionais vão acabar por perceber que a Internet já deveria assumir uma fatia mais importante dos seus budgets; mas será que o lugar no ecrã do novo consumidor ainda estará vago nessa altura? Será que, hoje mesmo, quando alguém procura essa empresa ou produto na Internet consegue encontrar? Ou encontra o concorrente? Como diz Al Ries “É preferível ser o primeiro do que ser o melhor…” e é exactamente o que se está a passar com a Internet. Quando um consumidor entra no Google e faz uma pesquisa sabemos que, na melhor das hipóteses, irá até à 3ª página, que em 60% das pesquisas nem sequer passa da 1ª página e, ainda mais surpreendente, que 36% dos consumidores/internautas considera que os primeiros resultados que aparecem no ecrã são as principais marcas.

A Internet é, nos nossos dias, uma ferramenta quase indispensável tanto para a vida profissional, como para o lazer. Está hoje naquilo a que chamamos a versão 2.0 onde os internautas são os produtores de conteúdos, procuram a personalização dos produtos e estão ávidos por ferramentas que, por um lado, lhes facilitem a vida e que por outro lhes preencham os tempos de lazer. Um fenómeno que demonstra esta realidade é o mundo das redes sociais como o Facebook, Hi5 ou Twitter que já dominam os tops de audiências. Contudo, apesar deste domínio das redes sociais nas preferências dos internautas portugueses, será que as marcas já os estão a explorar da melhor forma? A resposta é não, ainda não os estão a explorar da melhor forma mas estão a dar os primeiros passos, estão a fazer experiências, a tentar perceber aquilo que funciona e aquilo que não resulta, a interagir com o consumidor, a entrar na sua esfera enquanto utilizador de conteúdos digitais, no fundo estão a ganhar espaço aos concorrentes porque quando estes se aperceberem daquilo que podem tirar deste meio, serão apenas mais um e não aquele que o consumidor vai procurar e reconhecer.

Este é o momento em que as marcas devem explorar a Internet porque este é também o momento em que o consumidor pede mais, quer mais e precisa de mais. Se, num mercado tradicional, saturado por produtos desnecessários, guerras de preços e campanhas publicitárias ineficazes, já não há muito a fazer, está lançado um mercado de novas oportunidades que nem todos estão a saber explorar. Fala-se já de uma nova etapa da Internet, a Web 3.0, onde se prevê que haja uma maior preocupação com a estrutura onde se organiza a Internet e menor com os utilizadores, privilegiando a convergência de várias tecnologias digitais que já existem em plataformas mais simples de utilizar que irão ao encontro das necessidades do consumidor. Estarão as marcas preparadas para este passo? As que não se distanciarem do pelotão na fase inicial da corrida, dificilmente conseguirão fazê-lo quando outros já estiverem isolados na linha da frente.


António Corte-Real
Trade Marketing Olá, Unilever Jerónimo Martins
Com a colaboração de Manuel Batista (Docente - Escola Superior de Comunicação Social)

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